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Resenha: O Ritual dos Chrysântemos - Celso Kallarrari



O Ritual dos Crisântemos conta a história amorosa e trágica de Eurico, filho de pai sírio e de mãe índia guarani, e Poliana, filha de pai japonês e mãe paraguaia. Desde a infância, os dois fizeram um pacto de castidade, de fidelidade até o seu casamento, ritualizado numa inscrição num pé de erva mate, num morro de uma cidadezinha no interior do Mato Grosso do Sul. A história se desenvolve, a partir da morte de Poliana, na Avenida Paulista, num apartamento, onde Eurico, o namorado, residia. A morte de Poliana é envolvida por mistério, isto é, pela simbologia dos crisântemos (planta que acompanha misteriosamente a vida do casal), que são despetalados e semeados no corpo de Poliana (primeira vítima) e depois, durante um período de três anos, nos corpos das outras seis vítimas encontradas mortas nos parques de São Paulo. Nesse ínterim, a causa mortis de Poliana, a primeira vítima, torna-se um suspense, principalmente porque o narrador deixa o leitor a todo o momento em dúvida, sem saber, ao certo, se Poliana fora assassinada ou se suicidou. E, ainda, se fora morta, quem, possivelmente, seria o autor do homicídio e, consequentemente, dos outros assassinatos que envolvem, misteriosamente, a planta crisântemos. No momento da morte das sete jovens virgens nos parques de São Paulo, os crisântemos fazem parte desse ritual macabro. Torna-se necessária à polícia a investigação dos crimes e à associação com o primeiro crime, o de Poliana, acontecido no apartamento de Eurico. Desde então, Eurico é o principal suspeito e, por conta de um mandado judicial, é solto da delegacia, porque seu advogado, a partir de exames médicos, comprovou que Eurico sofria de esquizofrenia. A princípio, não se sabe, pois, se Poliana fora assassinada ou se cometeu suicídio e o leitor só irá descobrir se conseguir adentrar no jogo narrativo que o autor faz com maestria.

Eu não sei muito que falar desse livro, pois ele está acima da minha capacidade de expressão, por assim dizer, mas vamos tentar falar de forma objetiva...

Em O Ritual dos Chrysântemos conhecemos a história de amor de Eurico e Poliana. Como consta na sinopse desde pequenos eles fizeram votos de amor e castidade, porém o que não imaginavam era que suas vidas iriam mudar drasticamente quando o destino conspirou contra eles e Poliana foi encontrada morta.

Os crisântemos estão presentes durante toda parte do livro, como uma espécie de mistério. Porém esse mistério não cerca apenas o casal de jovens apaixonados, mas várias outras vitimas de um acaso. Ao que tudo indica os crisântemos fazem parte de um ritual macabro. Todas as vitimas eram moças virgens. Poliana foi encontrada morta no apartamento de Eurico, e para policia ele é o principal suspeito dessas mortes. Após um exame ele foi diagnosticado esquizofrênico.

A partir deste momento o autor cria uma atmosfera de mistérios que intrigam e encantam os leitores. A cada página uma reviravolta escrita com maestria e com grande cunho poético. E o mais legal é que o amor de Eurico e Poliana não termina com a morte, existe outro plano.

O livro tem bastante informação, é intenso, envolvente, poético e com uma linda mensagem acima de tudo sobre amor. Algumas partes tornam a leitura um pouco lenta, pois você tem que ler com atenção para absorver bastante sobre o que é passado. Mas nada que incomode ou atrapalhe. É um livro diferente, que tem mistérios, romance, a força do amor, outras dimensões e muito mais, além de um grande cunho histórico.

Indico para quem curte esse tipo de literatura. Leia sem pretensões e tenho certeza que você irá se surpreender.

E pra quem quiser uma visão mais aguçada sobre o livro escrita por quem domina o assunto, observe o comentário, na orelha do romance, do professor de literatura, doutor Alan Viola: "No enredo, o narrador tenta se superar. Ele até tenta uma justificativa para plasmar o personagem Eurico, ou seja, trazê-lo em seus intermináveis delírios, mas afirma: “Um verdadeiro texto é como outro eu.” Ou, ainda: “mas eu, nessa escrita em terceira pessoa, não entendia e, por isso, não me abria, suficientemente, para compreender; limitava-me nas palavras. E tudo, tudo dependia de mim, mas eu precisava me ausentar.” Imediatamente me sobreveio a metaficção de Clarice Lispector em seu genial A hora da estrela. O contar/narrar aqui assume também outros diálogos, e como não se lembrar do conto de Guimarães Rosa, “Lá, nas Campinas?”, onde “Tudo era esquecimento, menos o coração.” E quando “Então, ao narrador foge o fio”.

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Fonte: http://princesa-descolada-myla.blogspot.com/2013/03/paginacao-numerada.html#ixzz2j39CpByO